Cuidados paliativos: abordagem multidisciplinar
Os cuidados paliativos visam melhorar a qualidade de vida de pacientes e respectivos familiares que enfrentam problemas associados a doenças que envolvem risco de vida, através da prevenção e alívio do sofrimento. As principais ações são identificação precoce da enfermidade, assistência constante, tratamento da dor e outros problemas físicos, acompanhamento psicossocial e espiritual.
Têm início quando a doença é diagnosticada e continuam independentemente do paciente receber ou não tratamento. Os profissionais de saúde devem avaliar e aliviar o sofrimento físico, psicológico e social, o que requer uma abordagem abrangente e multidisciplinar que inclui a família e faz uso de todos os recursos comunitários disponíveis, mesmo que sejam limitados. Esses cuidados podem ser prestados nos serviços de atenção terciária, em centros de saúde comunitários e até mesmo nas casas das famílias.
Os cuidados paliativos para crianças representam uma área especial, embora estritamente relacionada aos cuidados paliativos de adultos. Seus princípios se aplicam a doenças crônicas pediátricas, envolvendo cuidados com a mente, corpo e espírito, além de suporte à família.
► Promover o alívio da dor e de outros sintomas desagradáveis;
► Afirmar a vida e considerar a morte um processo normal da vida;
► Não acelerar nem adiar a morte;
► Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente;
► Oferecer um sistema de suporte que possibilite ao paciente viver tão ativamente quanto possível até o momento da sua morte;
► Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e o luto;
► Oferecer abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento no luto;
► Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença;
► Iniciar o mais precocemente possível o Cuidado Paliativo, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia e radioterapia, e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clínicas estressantes.
Breve histórico
O termo cuidado paliativo se confunde historicamente com o termo hospice, que definia abrigos (hospedarias) destinados a receber e cuidar de peregrinos e viajantes. O relato mais antigo remonta ao século V, quando Fabíola, discípula de São Jerônimo, cuidava de viajantes vindos da Ásia, da África e dos países do leste no Hospício do Porto de Roma.
O Movimento Hospice Moderno foi introduzido pela inglesa Cicely Saunders, com formação humanista e médica, que em 1967 fundou o St. Christopher’s Hospice, cuja estrutura não só permitiu a assistência aos doentes, mas o desenvolvimento de ensino e pesquisa, recebendo bolsistas de vários países. Desde então, o movimento foi crescendo e se espalhou pelos diversos países do mundo até o ano de 1990, quando a Organização Mundial de Saúde publicou sua primeira definição para cuidados paliativos.
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Cicely Saunders (1918-2005) |
Em 2002, Cicely Saunders foi a co-fundadora de uma nova instituição de caridade, a Cicely Saunders Internacional. Sua missão é realizar pesquisas para melhorar o atendimento e tratamento de todos os pacientes com doenças progressivas e promover cuidados paliativos de alta qualidade a todos os necessitados.
Cuidados paliativos no Brasil
A ação de cuidados paliativos no Brasil teve início na década de 1980 e conheceu um crescimento significativo a partir do ano 2000, com a consolidação dos serviços já existentes e pioneiros e a criação de outros não menos importantes. Hoje são mais de 40 iniciativas em todo o território nacional. Ainda é pouco, levando-se em consideração a extensão geográfica e as necessidades do nosso país. Assim, será maior a nossa responsabilidade em firmarmos um compromisso para, unidos num único propósito, ajudarmos a construir um futuro promissor para os cuidados paliativos, a fim de que um dia, não muito distante, todo cidadão brasileiro possa se beneficiar dessa boa prática.
Devido à natureza complexa, multidimensional e dinâmica da doença, o cuidado paliativo avança como um modelo terapêutico que endereça olhar e proposta terapêutica aos diversos sintomas responsáveis pelos sofrimentos físico, psíquico, espiritual e social, responsáveis por diminuir a qualidade de vida do paciente. Trata-se de uma área em crescimento e cujo progresso compreende estratégias diversas que englobam bioética, comunicação e natureza do sofrimento.
FonteAcademia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de cuidados paliativos. Rio de Janeiro: Diagraphic, 2009.
Organização Mundial de Saúde. Definition of Palliative Care.
Boa tarde. O biomédico pode fazer essa pós graduação?
ResponderExcluirGeralmente os biomédicos não atuam na área, já que a maioria das equipes é composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais e profissionais de reabilitação.
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